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"De quem eu descuido quando eu cuido de quem eu cuido?" Marilene Grandesso


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Essa frase é uma preciosidade, uma bússola pra refletir sobre cuidado. Humanamente é impossível cuidar de tudo e todos o mesmo tempo, transitamos entre prioridades, urgências, compromissos, e as vezes pelo próprio excesso, descuidamos. Recebemos alguns alertas, para que possamos corrigir os fluxos: dores, tensões, cansaço, raiva... sinais que nos conduzem a buscar mudanças para que o nosso sistema continue vivo.


Alexandre Amaral, psicólogo, num belo trabalho de Grupo reflexivo (Curso de Fundamentos da Terapia de Casal), abordando a temática do esgotamento e da busca pela leveza nos lembra: “Tudo o que é crônico merece descansar. (...) A raiva é movimento (...). Quietude também é ação”.


Então pára tudo! Quietude também é ação... É uma decisão.


Num mundo em que se é avaliado positivamente pela quantidade de coisas que se faz, escolher parar e se dedicar ao auto cuidado é uma atitude compassiva conosco que refletirá no mundo à nossa volta. O auto cuidado é uma postura ética, quando descuidamos de nós, cedo ou tarde descuidaremos do resto. Conhecer as nossas dores, o que elas nos dizem, observar as emoções que experienciamos e como elas nos conduzem, encontrar tempo e espaço, sem simplesmente sentir que os ritmos são impostos de fora é vital, nos traz possibilidades de mudanças, saímos do lugar de reféns da situação.


No curso Positive Psychiatry and Mental Health da Universidade de Sydney (Austrália), a partir dos estudos em Psiquiatria Positiva são levantadas dicas que contribuem com a saúde mental e com o florescimento:

-Cultive vínculos;

-Desenvolva gratidão;

-Identifique e desenvolva as suas potencialidades;

-Contribua com a comunidade;

-Faça coisas que você gosta e com as quais se conecta;

-Se exercite;

-Medite ou cuide da espiritualidade;

-Aceite ajuda quando precisar.


As emoções positivas ampliam o repertório de pensamentos e ações, o explorar de novas possibilidades. Mas isso não significa “jogar o jogo do contente”, para os conhecedores de Pollyana, pois:


Felicidade é muito mais do que apenas sentir-se bem. Felicidade significa viver uma vida rica, cheia de significado e as vezes isso é doloroso. Felicidade é se envolver e se tornar quem você realmente é (...). O que você vai fazer para melhorar a sua qualidade de vida e das pessoas ao seu redor?

(Anthony Grant, Un. Sydney, Curso Positive Psychiatry and Mental Health).


Então, como quietude também é ação, a raiva é movimento. As nossas dores, assim como a raiva e a indignação diante das injustiças são os sinais, os alertas que nos fazem buscar mudanças, são o primeiro passo das mudanças.


Parou tudo? Respire fundo, busque tempo e espaço pra você, afinal é tão bom ser cuidada(o). Procure apoio, coletivize-se, divida, multiplique, brinque, permita-se florescer, pois como bem disse John Lennon “A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos”.


Isabel Torres, Psicóloga, integrante do Redefinir, Psicologia e cuidado em rede.

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Referências:

 
 
 

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